Dramaturgia Ao Sublime Demiurgo

Paulo Rocha

Nesse teatro da dor, incorporei um ator
Um figurante sem cor, que usa mascara e vestes escuras
D'um papel fraco e um elenco barato
Porém, meu figurino são retalhos
Remendados pelo alfaiate de um rei

Não pense que o meu roteiro é simples
Mesmo a peça sendo só mais um clichê
Desses finais fáceis de descobrir
Quem é o diretor do espetáculo da vida?
E quem irá fechar as cortinas e apagar as luzes ao sair?
Quimeras e frustrações em meio a um antro sem sono
O coadjuvante é o mais velho, protagonista anfitrião do novo

E o primogênito é o primeiro louco
Só ele tem a chave menor que dá o equilíbrio aos anjos
Onde a alma contra o tempo e o amor sob vontade é lei
Esquecidos no cenário, envergonhados ao serem
Despidos e expostos

Quem é o diretor do espetáculo da vida?
Quem vai me dizer, quem irá fechar
As cortinas e apagar as luzes ao sair?
Pois eu nunca me prendo ao decorado e impropício, são instantes
Me concentro no meu íntimo, escondo gestos ofegantes
E me apresso e vou

Me disperso
O meu tempo é pouco, não se preocupe
Eu sempre volto e cada vez estou mais intenso
Talvez me atrase
Prometo sair no momento correto, mas talvez incerto
Simplesmente me impeça de ir

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