SURURU

Ademyr Rico

Não posso sair de casa que a mulher pega no pé
Quando chego a coisa ferve e logo vira um banzé
Ela grita da cozinha quem você pensa que é
Ta achando que eu não sei que "oce" foi no cabaré
Então eu grito da sala, você não sabe o que fala
Fecha essa boca muié

Ela responde nervosa me arrependo noite e dia
De ter casado contigo e viver nessa agonia
Então eu falo pra ela pare com essa histeria
Namoramos quinze anos, tu casou porque queria
Espumando de tão brava ela diz mamãe falava
Só eu que não percebia

Naquilo perco a paciência e meto o pé nas cadeiras
Ela diz ta vendo só o que da sua bebedeira
Eu digo não tô de fogo deixa de ser fuxiqueira
Vai pilotar o fogão pare de falar besteira
Ela passa logo a mão no rolo de macarrão
E acorda a cidade inteira

Eu grito solta esse pau, que os vizinhos vão chiar
Ela fala que se dane, é bom eles escutar
Isso é pra ver que você não é flor de se cheirar
Vai pro banho seu fedido, pro gambá não desmaiar
Eu falo não sou seu pai, que toda noite que sai
Pra casa não quer voltar

Nisso ela vem pro meu lado parece soltar fumaça
Feito uma fera no cio acabo virando caça
Ela me pega e me ataca e com carinho me amassa
Trocamos tapa por beijo, beijando a gente se abraça
Gemendo vamos pra cama, brigando a gente se ama
É assim que a raiva passa

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