Cavalo de Tiro

Adriano Alves / Gujo Teixeira

Há um cavalo de tiro pra toda estrada comprida,
Que vai tenteando o cabresto, mas vai tranqueando com a vida...
Um pingo manso de arreio que nos leve em rumo certo,
Pois dependendo dos sonhos, nem tudo fica tão perto.

Feito um cavalo de tiro que se adelgaça sentando,
O homem vai pela estrada e segue assim, se costeando;
Depois de muito estropiar-se traz o olhar mais profundo,
E aprende a livrar as pedras pra andejar pelo mundo.

Igual aos tentos da trança que aos poucos vão se afinando,
A vida é feita de rumos, e ao tranco vamos cruzando...
Que da porteira pra fora, os sonhos batem as asas,
E a paz que a gente procura "tá" aquerenciada nas casas.

Quem cruza as madrugadas firmando a rédea na trança,
Deixa o suor pro sereno, depois que o pingo se cansa...
Que a estrada mostra a distância pra que a gente não se iluda,
Que é preciso ter caminho, não basta um pingo de muda.

O cabresto apresilhado vai firmando o cinchador,
E traz com ele um motivo pra quem aprende com a dor...
Pois o corredor que leva, nos traz de volta também;
Junto a um cavalo de tiro, vai a saudade de alguém.

Talvez por isso que o tempo, a cada légua vencida,
Nos cobra o tanto que andamos, pelas volteadas da lida,
Pra nos dar um outro tanto, como forma de experiência,
E mostrar pelas distâncias, quanto vale ter querência.

Porque a vida tem sentidos que a gente sabe e não diz,
E sempre cansa o cavalo, tentado assim, ser feliz!
Mas quem tem pingo de tiro olha a estrada diferente,
Apeia, troca os arreios, e toca a vida pra frente.

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