Canto de Abel

Alexandry Peixotto

Lindo e divino foi a minha criação
Mas, estou cansado de tanta ilusão
Sou a parte fria, choro o parto da minha dor
E onde estão meus filhos que não tem mais pudor?


Onde a justiça se vendeu para o mal
Num mundo egoísta, o bom se fode no final
Onde a alegria se perdeu pro rancor
E o ódio predomina, onde está o amor


Hoje eu sou uma mãe que perde um filho para um pedaço de papel
Na qual eles se matam como se fossem Abel
Procurando a vingança do vazio de existir
Regridem na ideia de que estão a progredir


E mergulham na verdade de um escuro coração
E perdem a vontade de abraçar o seu irmão
Vocês perdem tanto tempo vendo quem vão odiar
E perdem tanto tempo que se esquecem de amar


Vidas tão ingenuas que se privam de lutar
Se entregam ao medíocre, sentam a bunda no sofá
Se agarram a ideia de que está tudo bem
Estando nessa massa se limitam a ser ninguém


Perdem vossos filhos para a porra do celular
E se não for pra eles, são para as drogas dominar
Ouçam belos filhos escutem com atenção
A verdade é que a humanidade sem integridade
Perde a oportunidade de melhorar e se limita a estar no chão


Hoje eu sou uma mãe que perde um filho para um pedaço de papel
Na qual eles se matam como se fossem Abel
Procurando a vingança do vazio de existir
Regridem na ideia de que estão a progredir


E mergulham na verdade de um escuro coração
E perdem a vontade de abraçar o seu irmão
Vocês perdem tanto tempo vendo quem vão odiar
E perdem tanto tempo que se esquecem de amar

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