Super-Homem, Astronauta

Reborn, Miroez, Afonso Antunes

Saiu de casa
Feito um cachorro
Rabo entre as patas
Pediu socorro
Ao seu silêncio
Desconcertado
Caiu de quatro
Em pensamento

E ninguém viu quando ele tombou
Feito uma fruta madura
Trancando a rua por mais de hora
Reuniu pessoas mas não jornais

Super-Homem, Astronauta
Plano de voo exemplar
Braços abertos, asas de cera
Nem o sol pode parar

[Reborn]

Cansado de sonhos irregulares
Já não mais cabem palavras pra tantos pesares
E nos lugares que navegava
A dama de branco lhe acompanhava em meio à encruzilhada
Arquitetou novos ares, fez da vida um malabares
Foi súbita a tempestade
Mirou raios solares pra alçar seus voos
Só que agora exemplares

[Miroez]

Mas quando o chão faz parar de respirar
Se torna o céu de ponta-cabeça
E não há quem possa mas tem quem pense
Na perspicácia daquela poça que só repassa
Que só não sente
O bagulho fica russo quando o rosto roça
Raças rezam e resolvem nada
E o cosmonauta na missa sabe, no fim
Alegoria grega nenhuma salva

Só que ninguém, ninguém quer saber
Seus motivos pra acordar
Seus motivos pra sair
Seus motivos que não há

Super-Homem, Astronauta
Mirou os raios solares, pra alçar seus voos
Só que agora exemplares
Braços abertos, asas de cera
Raças rezam e resolvem nada
Não há nada que te salve, irmão

Super-Homem, Astronauta
Plano de voo exemplar
Braços abertos, asas de cera
Nem o sol pode parar

Super-Homem, Astronauta
Mirou os raios solares, pra alçar seus voos
Só que agora exemplares
Braços abertos, asas de cera
Raças rezam e resolvem nada
Não há nada que te salve não

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