À Janela do Meu Peito

Lá vai brincando, pela mão de uma quimera
Essa garota que fui eu, sempre a sorrir
Como se a vida fosse eterna primavera
E não houvesse dores no mundo p’ra sentir

As gargalhadas vêm pousar na janela
E ao ouvi las tenho mais pena de mim
Ai quem me dera rir ainda como ela
Mas quando rio, eu já não sei rir assim

Tenho a janela do peito
Aberta para o passado
Todo feito de fadistas e de fado
Espreita a alma na janela
Vai o passado a passar
E ao ver-se nela, a alma fica a chorar

Lá vem gingando nesse seu passo miúdo
Melena preta, calça justa afiambrada
Como mudamos, tu que foste para mim tudo
Hoje a meus olhos pouco mais és do que nada

Tuas chalaças de graçola e ironia
Eram da rua, andavam de boca em boca
Eu, era ver-te não sei o que sentia
Talvez loucura, que por ti andava louca

Tenho a janela do peito
Aberta para o passado
Todo feito de fadistas e de fado

Espreita a alma na janela
Vai o passado a passar
E ao ver-se nela, a alma fica a chorar

Desilusões as que tive
Enchem a rua, lá estão
E a gente vive dos tempos que já lá vão

Trivia about the song À Janela do Meu Peito by Amália Rodrigues

On which albums was the song “À Janela do Meu Peito” released by Amália Rodrigues?
Amália Rodrigues released the song on the albums “Casa do fado” in 2006 and “É ou não É?” in 2018.

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