Leve Como Uma Pena

Jorge Cruz

E olha ao longe a praia
O bote aguentou
Bom vento sopra forte
Que é pra lá que eu vou

Formosa e segura
Venha quem vier
Finalmente livre
Sem nada a temer

Uns dizem que não posso
Outros que não sou capaz
Se aprovam ou reprovam
A mim tanto faz

Passou a tempestade
O momento chegou
É hora
De mostrar quem eu sou

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

O medo atrapalha
A ilusão confunde
A obra boquiabre
Aboca meio mundo

E se o que eu for, for feito
E o que eu fizer for meu
Pode não ser perfeito
Mas há de ser eu

Cairam rios de chuva
O vento uivou lá fora
A pouco e pouco o temporal
Foi acalmando agora
Já só falta uma nuvem
Para o sol brilhar
É hora de por isto a andar

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

Dias e dias
Carregando um fardo
Que afinal não era meu
À procura de uma resposta

E a resposta
A resposta
Pelos vistos
A resposta sou eu

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

Leve, leve
Olha agora sinto-me leve
Leve, leve, leve
Como uma pena
Leve, leve
Olha agora sinto-me leve
Leve, leve
Leve como uma pena

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