Meu Pingo Coração
É um pingo muito engraçado
Meu coração aporreado
Tem dez tropilhas de manhas
De baixo maula e velhaco
Mas na cancha é muito taco
E taura nenhum lhe ganha
Fica as vezes aluado
Cosquilhoso que é um danado
Quando anda pela estrada
Vai ao tranco relinchando
Vive sempre se alembrando
Do ranchinho da invernada
Quando assim ele troteia
Faceiro e firme escarceia
Sacudindo a cabeçada
Altaneiro se bombeando
Nem te conto
Vem tranqueando
Na culatra da boiada
Quando volta interessante
Desce ao tranco num lançante
Sobe ao passo na canhada
Bem lerdo e todo estropiado
Como boi puxando arado
Sem o prego da guilhada
E quando corre um ventito
Lá das bandas do ranchito
Troca orelha com insistência
É que topando a coxilha
Num capim verde-forquilha sente o faro da querência
No freio firme se escora
Não precisando de esporas
Faceiro, barbaridade!!!
Chega até dar manotaços
Mas é que sente o puasso
Da roseta da saudade
E num galope corrido
Vem dessa cobra mordido
Deixando pó no caminho
Dá um tirão na barbela
E esbarra bem na cancela
Do piquete do ranchinho
E do oitão no parapeito
Fica batendo sem jeito
Vendo a chinoca tão bela
Não é mandinga ou feitiço
É que ele faz tudo isso
Na ânsia do beijo dela
E quando corre um ventito
Lá das bandas do ranchito
Troca orelha com insistência
É que topando a coxilha
Num capim verde-forquilha sente o faro da querência