Recordações
Ary Barroso / Norival De Freitas
O meu quarto que fora tão risonho
Cheio de vida, de aroma estonteante!
Vive agora, coitado, tão tristonho
Dês de que foi ficar a tão distante
Aquele desalinho em que deixasse
O nosso leito de lençóis bordados
Eu conservo tal qual abandonasse
Sem deixar que lhes vejam profano
Mas, se a Lua, nossa boa, eterna amiga
Nossa velha e meiga confidente!
O seu manto, se estende nele abriga
Está dor que em tudo aqui se prende
Resulto de prazer, corro à janela
Abro a cortina, a sua luz prateada
Porque através do mantos raios dela
Novamente, eu te vejo lá deitada