Última Colheita
Paulo Pererira
Deuses alados coletaram dados em seus notebooks
Em vôos rasantes aqui, lá, distante, nos apontarão
Quem sopra pro alto, fumaça e odores de cinza veneno
Até que o sol réstia filete de lua num céu cor de chumbo
Uvas e figos, veludo fuligem serão condenados a morrer de sede
Maçãs ressecadas sem nada que hidrate
Morangos perecem vermelhos estiagem
Altos coqueiros de tijolo à vista
Perdem seus frutos filhos de proveta
Caules de vidro em tubos de ensaio
Esperam pela última colheita
Num céu da cor de chumbo
Haverá charco de óleo sobre Vênus
E vapores arderão sobre Mercúrio
Haverá em Marte um mar verde cinzento derramando sobre o solo de Noturno
Venha a nós advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos
Perdoai as nossas ofensas, perdoai as nossas ofensas