Tuias da Embolada
Clareou, clareou, clareou na beira-mar
Eu tô chegando agora, para o povo se alegrar
Sou as tuias da embolada Rasgando a fala do cego
Um riacho só de arraia Macarronada com prego
Lábia quente no bafejo
No dia que não te vejo
Na saudade eu escorrego
Exijo muito e alego
Que tenho todo direito
Posso ser todo errado
Mas faço tudo bem feito
Eu tenho dois corações
Um deles para os perdões
Outro que não toma jeito
Conheço todo sujeito
Pelo sorriso na cara
Onde beliscar eu pesco
Nágua barrenta e clara
Nunca perdi essa manha
Cacimba que tem piranha
Gosto de meter a vara
Nas Pelejas de Ojuara
Eu fui padre, fui ladrão
Trupizupe foi malandro
Só pagava prestação
Com um fio de bigode
Arrancado de um bode
Que vendeu lá no sertão
Sou um tiro de arpão
Disparado na canela
Beliscão de arquibancada
Pó de serra na remela
Cama de prego e arame
Ferroada de enxame
Tiroteio na favela
Meu dinheiro tem cancela
Vendo caro, tome lá
Não aceite abraço forte
De nenhum tamanduá
Tenha cuidado com rifa
Cabra macho também pifa
Salve as pedras do Ingá!