Braços da Francesa
Ó vento que vem lá do lago
Espalhando, cobrindo a cidade
Embala a rede da varanda
Traz o som da minha infância
Encantador
Me empresta o tom dessa levada
Pro toque da minha Marujada
Num bordão
Recende itaúba lá na proa
No toque do mestre na canoa
"Como tá indo, compadre Didico?"
"Tá ficando do jeito, mestre tio"
"Cuidado com a quilha, hein?
"Calafeto bom é da Francesa!"
"Batelão pra água"
"Uma lapada pra comemorar esse barco"
"A cachaça, seu Elias!"
Mistura o breu na linhaça pra fazer a massa
Morrão de algodão
Lapada e tira-gosto
O barco tá no porto
Acende a fogueira, prepara a madeira
Pro verdugo da embarcação
Calafeto tá no ponto
Foi assim
A minha vida no tilheiro quando curumim
Me escondia do meu velho no porão
Descobri
A poesia ritmada que morava em mim
Colorindo de azul meu coração
Sou desse chão azul
Carpinteiro naval da Francesa
Sou desse chão azul
Calafate Caprichoso