Nordestino Desgarrado
Viajando pelo pé da serra
Venho enfrentar a guerra na cidade grande
Perambulando passei fome e sede
Trago a minha rede pra armar a onde?
Trago a poeira no meu mocotó
A garganta deu um nó, sem ter o que comer
Vou enfrentar a poluição, por que no meu sertão
Não dá mais pra viver
Na minha terra o verão chegou
Meu cacimbão secou, meu gado morreu
A asa branca com sede vôou
O juá murchou não sobreviveu
Trago a sanfona no meu matulão
E o coração partido de dor
Sinto a saudade bater no meu peito
Mim aperta de um jeito, que eu mudo de cor
Doutor pro o meu sertão não posso mais voltar
É na cidade grande que quero morar
De um jeito ou de outro, aqui a gente come!
Doutor, lhe imploro até por caridade
Me deixe morando na grande cidade
É melhor sentir saudade, do que passar fome!