Filas Que Não Se Acabam
Aqui nesta capital ninguém tem a vida tranqüila
Para qualquer providencia temos que cair na fila
Viver nesse formigueiro é um desafio serio
Mas não é falta de sorte
Até na hora da morte tem fila pro cemitério.
Nos tribunais de justiça, em qualquer repartição
A fila sempre enguiça e adeus informação;
A fila fica mais feia quando chegamos nos bancos
Pensam que nós somos bobos
Lá tem fila pra todos, menos os colarinhos brancos.
Fila para pagar água, fila para pagar luz
Tem velhinho deficiente cada qual com sua cruz
Eu já estou indo embora vou voltar pro meu sertão
E lá ninguém em amola
Posso tocar minha viola, escrever minha canção.
Não vou usar luz elétrica, eu vou usar lamparina
Não vou usar mais torneira, vou beber água da mina;
Vou respirar o ar mais puro que a natureza faz
Morando no interior
Vou voltar a ser lavrador do chão de Minas Gerais.