Mademoiselle Cocaína

Cezar Gilcevi

no quarto alugado os olhos assustados
finando num vácuo a espera nervosa dos braços
a fissura de uma altura que incendeie
ainda sonda os corredores da tua sede
depois dos shows sei das altas solidões
sei do pesadelo que se exila nas confissões
venha comigo
mademoiselle cocaína acaricia narinas
venha comigo
entre jogos de sombra das noites felinas
vamos voltar ao seu buraco
as horas não passam, os lençois de farpam
e você chora sozinho e sujo
navalhas cegas se oferecem
à tentação dos seus pulsos
peça logo uma vaga, aos seus ídolos estúpidos
o espetáculo só dura 15 minutos
venha comigo
a culpa afugenta os cães do cio?
venha comigo
com o corpo nu sujo de vazios
o limite apressa os seus presságios
na redenção de mais um otário
tão especial quanto um fósforo queimado
a garrafa está vazia
soando os sinos da agonia
e a latrina da à alma as boas vindas

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