Entre o Amor e o Ódio

Cê apenas foi mais um que se encantou, olhou
Achou lindo, maravilhoso, os cordão de ouro primô
Pra que, faculdade, universidade, escola
Se aqui no gueto nós também temos joias, dólares
Embora diferente na dispensa, sempre cheio febroso
O que os mano qué não muda é dinheiro louco
Chorar por quem, só por aqueles que aqui não tão
Que acreditaram que o crime não era ilusão
Por tão pouco vi maluco explodir
Crânio de verme pilantra que faziam hora extra aqui
Vida de cão né tio, puta que pariu, me fala
De cada dez, nove aqui nas penitenciarias
Tem contatos, irmãos de mil graus, aliados
Diferente dos playboy cuzão, que moram na beira do lago
Sul, céu azul, a noite cai vem estrela
Na Ceilândia não é diferente, os drão em volta da fogueira
Vinhos, planos, próximo assalto
Tiros, canos e o polícia que virou finado
Cresci assim, meio a tudo isso vendo
Sem Audi, Cherokee, mas do lado esquerdo do peito
O coração dividido entre o amor e o ódio
Apenas sonhador, mas com rancor pra subir no pódio
Não, que sonhar irmão, onde que cê tava, quando eu tava
Com as quadradas invadindo as agências bancárias
Cê foi louco óh, persistiu e quis
Achou que pra ser feliz tinha que cortar o mal pela raíz
Agora aqui, sentado no canto da sala
Narrando sua história numa letra de rap que fala
Sobre um mano que morreu, que partiu
Mas na merda do enterro não tinha quadrilha e nem fuzil
Só sua mãe com um ramo de flores na mão
E sua mulher com seus filhos em volta do caixão

Cê foi bandido, você foi ladrão
Matou polícia estourou rojão
Cê foi o rei da quebrada
Super-herói dos muleque
Cê foi bandido, você foi ladrão
Matou polícia estourou rojão
Pra acaba num caixão de lata
Gelado no IML

Você foi foda memo mano, eu não négo
Transformou a minha vida e das crianças num inferno
Quantas noites, quantas lágrimas vazia eu passei
Quantas vezes com o terço no quarto orei
Louca, ali desorientada com sua filha no colo
Seu filho Lucas intimando se o pai volta logo
Sem resposta, só eu o carinho, Deus e o amor
Por dias ainda me lembro cê dizendo assim
Cê é minha rainha, meus filhos são brilhantes
Por vocês eu faço tudo, trago a Lua amarrada em barbante
Genial, que poeta, que talento
Mulher de ladrão é assim, ama sofrendo em silêncio
Do que valeu suas falsas juras de lealdade
Se desfilava com as vagabundas a noite de Chrysler
Pelas livres avenidas do plano piloto
Com whisky, cocaína cem por cento loco
Eu me lembro e me recordo como se fosse agora
Uma pá de viatura do BOPE gritando do lado de fora

Aê ladrão, tá cercado sai senão nós invade
Nós queremo você morto ou atrás das grades

Foi majestral a sua fuga espetacular
Até mesmo hoje ninguém sabe explicar
Mas, tudo vai, tudo passa, é assim memo
Eu presa no seu lugar, amargando dias de veneno
E você nem sequer, com o advogado trinco
Os dias no inferno me fizeram enxergar seu valor
Agora aqui, com a liberdade cantada
Encontro o meu filho que chorava e suas foto rasgava

Lembranças de você que partiu
Num enterro sem amigos nem fuzil

Só sua mãe, com ramo de flores na mão
Sua rainha e os brilhante em volta do caixão

Sempre no interior do seu veículo
Muita brigth, tênis Nike, farinha à vontade
Na lista dos covarde, vicioso é o círculo
Sem medo da morte, sem medo do perigo
Hã, deixa baixo, sabe o que é que eu acho
Deixou brecha da Samamba até o Riacho
Não por acaso, apenas mais um fato
Que a vida que se trilha, já era um abraço
Parceiro é só tragédia, da terra até o firmamento
Mas que no momento se alia aos armamento
Tá certo, fechou os olhos, leva terra na cara
Vira a noite no caô, desbaratina os cara
Cinco janela, o terror aqui da favela
Metia 157 nas esquinas e vielas
Uma pá de dona banda e umas carreta louca
Sobreviva, a vida é uma escolha cumpade
Primeiro os crime, os parceiros, depois a família
Cafungava até uns dia, não tinha estia
Brilhantes, joias, tiros pro alto
Dinheiro fácil, pra morte é só um passo
Cadáver fresco, no luto veste preto
Se via o ódio em pessoas, seus olhos vermelhos
Desprazer em conhecer parceiro, até a próxima
Infelizmente sua família é quem chora

Cê foi bandido, você foi ladrão
Matou polícia, estourou rojão
Cê foi o rei da quebrada
Super-herói dos muleque
Cê foi bandido, você foi ladrão
Matou polícia, estourou rojão
Pra acabar num caixão de lata
Gelado no IML
Vinhos, planos, próximo assalto (você foi ladrão)
Vinhos, planos, próximo assalto (da quebrada)
Vinhos, planos, próximo assalto (você foi ladrão, estourou rojão)
Vinhos, planos, próximo assalto
Na Ceilândia não é diferente, os drão em volta da fogueira

Trivia about the song Entre o Amor e o Ódio by Cirurgia Moral

When was the song “Entre o Amor e o Ódio” released by Cirurgia Moral?
The song Entre o Amor e o Ódio was released in 2006, on the album “Num Dá Nada... Se Der é Pouca Coisa!”.

Most popular songs of Cirurgia Moral

Other artists of Hip Hop/Rap