Inverno Astral
O quadro em branco em aberto
E o teto do quarto dançando sobre mim
Vazio inteiro anunciado
Na quebra do trato
Do papo furado em que caí
Pago o preço alto da ideia
Pago pelo golpe
Pago pela solidão
Ninguém vale o preço que se paga
Nenhuma droga me afaga o coração
O amargo na boca calada
Alegria pouca
Bobagem nenhuma aqui
Que pedra que engoli
Que caco que chutei
Que quarta-feira que me fez sair daqui
Que grito segurei
Que prato que cuspi
Que desacato ou desespero cometi
Só vejo na fachada mais um dia
Palavra me arrepia o corredor
Pensamento trator que me desvia
Na cama, argumento e cobertor
O inverno me maltrata e acaricia
Inverno, poesia e condição
O mundo acontecendo à revelia
Cabeça remoendo a solidão
O amargo na boca calada
Alegria pouca
Bobagem nenhuma aqui
Que pedra que engoli
Que caco que chutei
Que quarta-feira que me fez sair daqui
Que grito segurei
Que prato que cuspi
Que desacato ou desespero cometi