O Enjeitado II

Custódio Castelo

No fundo, sinto-me apodrecer
Agora sei onde e de quê irei morrer
À beira do Tejo, de suas margens
Macilentas e inclinadas
Nada é mais belo e triste
De existência sublime e lenta

De tarde vagueio p'los prados
E à noite ouço o queixume dos fados
Até romper a madrugada
A vida é imensa tristura
Logo sinto as amarras desse mal

Neles ouvi cantar
De minha tristeza fiz pesar
Nada me consola além da dor
Mais não tenho que este meu fado
P'ra me encher a noite sem amor

Aqui, de nada serve morrer
Onde tudo se perde na volúpia da dor
Antes cidade das cidades
Arrasta o passado no presente
E vê nas ruínas uma glória que mente

Por essa miragem me encantei
Também eu descobri e conquistei
Para afinal, de tudo perder
Em todos os sonhos tudo é dor

Tudo é dor

Trivia about the song O Enjeitado II by Cristina Branco

When was the song “O Enjeitado II” released by Cristina Branco?
The song O Enjeitado II was released in 2002, on the album “O Descobridor: Cristina Branco Canta Slauerhoff”.
Who composed the song “O Enjeitado II” by Cristina Branco?
The song “O Enjeitado II” by Cristina Branco was composed by Custódio Castelo.

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