O Enterro da Puta

Dijalma Liga

O dia amanheceu tão triste,
Que o frio da noite não quis ir embora
Ao longe os lobos em pranto
E no matagal a natureza chora


Suspiros choros e murmúrios
Por toda a cidade minuto a minuto
As crianças não foram pra escola
Porque a cidade amanheceu de luto


Desgraça tão grande nunca poderia ter acontecido
O alto falante da igreja anunciava o triste ocorrido


Faleceu a puta!!!!
Nessa madrugada
Amanheceu sem vida seu pálido corpo
Jogado no chão


E depois da missa!!!
Iremos para a gruta
Convidamos o povo em geral
Pro velório da puta


Na avenida os homens bebiam
Cantando abraçados canções de tristeza
Vidros vazios em cima da mesa
E outros pela boca a se esvaziar


A chorar por ela que na vida foi
Nossa grande princesa
Rainha de formosura e beleza
Dos lábios macios feitos pra beijar


E em frente a sua casa
Se aglomerava a multidão
Muita gente junta pra ver a defunta
Dentro do caixão


E pra velar seu corpo
No decorrer da madrugada
E seguir por lugar onde a puta vai ser enterrada


Faleceu a puta!!!!
Nessa madrugada
Amanheceu sem vida seu pálido corpo
Jogado no chão


E depois da missa!!!
Iremos para a gruta
Convidamos o povo em geral
Pro velório da puta.


Sentados ao redor da puta
O povo esperava e pra casa não ia
Enquanto lá fora raiava outro dia
Com os raios da aurora mais belos que vi.


Quando derrepente
Eu vi os militares Isolando a área
Vi um carro preto escrito "Funerária"
Levando pra sempre a puta dali.


Seu cortejo ia enfrenta caminhava
Uma Ave Maria o padre então rezava
E na frente da fila uma velha chorava
Gente desmaiava, se descabelava.


Faleceu a puta!! Fato a ser escrito nos livros de história
Que vai ficar pra sempre na memória
O dia em que a puta, em que a puta partiu
Puta que o pariu......

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