A Hipoteca
Há seis anos mais ou menos tomei de um Banco emprestado
Uma soma de dinheiro tudo com prazo marcado
Deixei ali escritura e títulos endossados
Tudo como garantia do capital levantado
Apliquei tudo em café
Que plantei com muita fé neste chão abençoado
A terra foi preparada e o tempo foi passando
Com muita luta e suor as minhas mudas fui plantando
Mas aí veio o agente do Banco que estou falando
E oferecendo vantagens, eu logo fui aceitando
Disse ele sorridente
Você agora vai pra frente dinheiro está sobrando
Já na primeira colheita a estiagem arruinou
E na segunda a geada o meu cafezal queimou
Por fim o bicho mineiro meu patrimônio quebrou
Adiei os pagamentos, mas nada disso adiantou
Eu caí nessa desgraça
A fazenda foi à praça, pois o Banco protestou.
Por causa dessa hipoteca eu convoquei minha gente
E com os olhos cheio de pranto disse em tom comovente
Nós vamos ser despejados por uma ação competente
Lavrada hoje em Cartório em favor do emitente
Quero que a família entenda
Já não é nossa a fazenda o Banco foi exigente
Isso que eu estou falando foi um caso comentado
Tive que deixar a roça e fui ser um empregado
O rico compra de tudo, o pobre pede fiado
Perdi a crença no Banco, meu nome foi protestado
Por isso que hoje em dia
Dispenso qualquer quantia de algum dinheiro emprestado