Carta Ao Exímio Senhor do Engenho
O moleque criado num cortiço do centro
Driblou o plano da exclusão
Superou o medo e a desinformação
Eu me curei!
Do vírus contraído
No cômico colégio público
O sistema perdeu mais um robô iludido!
A resistência ganhou
Um guerrilheiro que nasceu pra botar fogo no circo
Alistou mais um traficante de informação
Que rouba dos livros só lidos por ricos
E devolve pra rua
Poesia de contestação!
Foi crime?
Sei bem qual que é tua visão
Eu não rimar frase contente pra balada
Nem pra alienação
Retrato raro
Que o poeta paga caro
As vezes com a própria vida
Ao expor o adversário!
Da caça de quem só promete
Cabra da peste
Formador de opinião e de gangue
Sem simpatia pra Forest Gump
Levante!
Que é hora da pedra contra o tanque
Da leste a oeste, norte a sul
Delarua recruta pro nosso enxame
Observante
Bem paciente da minha cela
Palavras se propagam
E resgata um favela
Abre tua mente, toca tua alma
Plow
Tira o proverbio da quebrada "foi pra vala"
Otário
Nenhum de nós cresceu vivendo uma história contente
Vê se me entende
Não sou dentista pra você mostrar teus dente
Então deita empresário no barro
Suja a gravata italiana no chão
Te fiz refém do microfone
Que
Passou batido no d.e.I.c.
E ta na minha mão
Plow
Denunciando o governo
E teu esquema
Plow
Da Glock-Taurus
Que mata no ecossistema
Tenho flagrado que meus planos
Convergem com teus sonhos
Ilha de caras, cocaína e carros
Eu me apresento
Vinão vilão teu pior pesadelo
De alicate estralando teus dedos
Dono da casa grande
Se não me quiser
Rimando
Stéfano com gás propano
Assina a carta de alforria
E tira as upp nazista
Da porta dos nossos manos
Senhor do engenho moderno veste terno
Não tem conduta o parasita ladrão de caderno
Na toca do coelho
Do país das maravilhas
A secretária Alice
Vem fazendo caixa 2 no contrato das olimpíadas
Jogo de bola
Governo te da esmola
Alimenta a mente pra fuga da escola
Nação doente, casa cheia de gente
Enquanto o pobre se ocupa com a tela quente
Pátria emergente
Inconsequente
Falida e carente
Se corroendo e negligenciada
Entre a corrupção do petróleo e falta de água
Irmão da um breque
Entenda pare e repense
O passa fome que te ataca
Na selva de pedra é inocente
Diferentemente de quem mata
Com maço de Marlboro e com copo de coca
Avisa lá pra eles que a chuva vai cair
E teu monte de regra aqui ninguém vai mais seguir
Temporal de pedra, madeira e de molotov
Contra o Robocop chamado de choque
Pra quem ainda não entendeu
Eu vou deixa escrito:
O meu compromisso é com periferia
E não com verme omisso...
Exímio
Senhor do engenho
Bandido seja bem vindo
Sem frigo bar, mordomo ou carta de vinho
Ao dia do teu julgamento
Hoje você
Será sentenciado
Por ter corroborado
Pra vários homicídios e suicídios
Ser arquivados
Vim pra cobrar
Com juros os anos de escravidão
De reclusão, sem berço nem pão
Vim pra exigir
A nossa participação no bolo do auto escalão
A tua sentença? Será expropriação
Capuz na cabeça de costas pro paredão
Reforma agrária, jurídica e militar
Sistema político a nível Pablo Escobar
Liberdade já aos presos políticos
E aos militantes que tem senso crítico
A ideia é quente
Em troca pelo menos
Pouparemos teus entes
Mas pra você
Não vai ter perdão
Não vai ter perdão
Não vai ter perdão
Não vai ter perdão
Jamais