Front de Madeirite

Eduardo Taddeo

A fome não só corrói a carne, corrói a Lei Áurea,
Te faz derrubar de caminhão o portão da penitenciária.
Ir na ponta do pé , no cagueta dormindo,
Por a bic, dar um tapa, rasgar o ouvido.
Antes servíamos o senhor feudal no engenho,
Hoje na feira livre de droga, servimos seu herdeiro.
Pra curtição da puta do Gallery, de Porshe Cayne,
Carbonizo o adversário no pneu com querosene.
Deixo a tia em baixo da mesa até a trégua dos tiros,
Na Kombi da mudança em fuga com os filhos.
Quem é livre na aula da professora sem magistério,
Que te põem no estelionato com o RG do arquiteto.
No acordo do coma induzido só quero a gráfica,
Falsificar nota de dez até com marca d'água.
Se a Draco colar, fui ver a Gaviões no Anhembi,
Pra deletar o resto do Ceasa que eu digeri.

Deletar a assistente social que minha mãe foi procurar,
Sem comida pra me criar, mandou pro conselho tutelar.
Aqui o caderno é só pra desenhar o mapa,
Pra levar carro pro Paraguai evitando a polícia rodoviária.
O mapa da pista que o bi motor trás o cartucho incendiário,
Ou pra escrever o estatuto do crime organizado.
Extinguiram a compaixão do meu Aurélio,
No novo coliseu o escravo vai matar Nero.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Ai tira o capacete motoqueiro, aqui a Baretta
É o código de trânsito brasileiro.
Carro só com luz interna acesa, farol baixo,
Visita pro parente, só com horário marcado.
O executivo, legislativo, judiciário no morro,
Não seguem a constituição da Hadock Lobo.

Cuzão critica Facção é pessimista,
Não sabe quanto custa 6 anos de medicina.
Que eu vendo lixa na Sé, diplomado,
Sem formatura em curso caro, diploma limpa rabo.
Não sabe o que é sua mulher no cadeião de Pinheiros,
Presa entrando com droga pra você fazer dinheiro.
Pra arrumar pro advogado, tipo Maluf e Pitta,
Pra uma brecha na lei pra a liberdade assistida.
Deixei a H-stern sem produto na vitrine,
Por que o metalúrgico, meu herói me deu uma nota de 20.
Atenção MST, uma dica,
No Brasil o congresso é a área mais improdutiva.
Tronco, pau de arara, a gôndola do mercado,
Em qual método mais nefasto o pobre é torturado?
No meu radar meteorológico tá previsto,
Ciclone que vara porta de aço balístico.
Na rua com pedra de brilhante que você mandou ladrilhar,
Só deixando o Note Book, seu amor vai passar.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Em vez de ser o desempregado atirando fogo no corpo,
Prefiro ser o indiciado por homicídio doloso.
Me espelho em Aleijadinho com a doença degenerativa,
Que mesmo sem os dedos esculpia.
Na 1ª declaração dos direitos tava escrito,
Resistir a opressão em letra legível.
Queria resistir sem zelador no olho mágico,
Abriu vai filho da puta, deitado, é assalto.
No tele curso da vida o módulo tem só uma aula,
Ensino fundamental, é blitz falsa.
È cagueta de capuz na diligência do Decap,
Com sua foto, endereço, número da identidade.
È fechar com a puta, fica atrás da cortina,
Sonífero no drink e euro do cú da petro química.
Qual é a diferença da Febem de Franco da Rocha,
Pra escola que só por falta reprova.
Queria o Jô e o boy do blog, rindo da pobreza,
Velando 80% da mãe porque não achou a cabeça.
Grampeou meu telefone então põe no jornal,
Pelo aroma chego no Instituto Médico Legal.
Ritual de respeito aos mortos de antes da escrita,
Aqui é corpo sem geladeira, jazigo da família.
50 mil mortos por ano no paradisíaco Brasil,
Versus 35 mil na Colômbia em guerra civil.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Aqui o salto é 10 mil pés sem para quedas,
É andar na prancha com tubarão branco à sua espera.
O .40 da polícia, o futuro não sobrevive,
Sangra, agoniza, no Front de madeirite.

Trivia about the song Front de Madeirite by Faccao Central

When was the song “Front de Madeirite” released by Faccao Central?
The song Front de Madeirite was released in 2006, on the album “O espetáculo do circo dos horrores”.
Who composed the song “Front de Madeirite” by Faccao Central?
The song “Front de Madeirite” by Faccao Central was composed by Eduardo Taddeo.

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