Lisboa de Feira
Há nesta Lisboa um modo de estar
Há nesta Lisboa um cantor à toa que pede para amar.
Cá nesta cidade, junto ao rosmaninho
Há um verso a rimar no modo de falar que nunca é sózinho.
Há nesta Lisboa, um modo de olhar
Às vezes Malhoa, Maluda pintora de um grande Pomar
Cá nesta cidade, do novo e do velho
Há um risco a correr esse modo de ver que é a luz do Botelho.
Há nesta Lisboa, um modo de escrita
Que é um grande livro do enorme povo que nela habita
Cá nesta cidade, por mais que nos doa
Existe o mistério do que foi império, de quem é Pessoa,
Cá nesta cidade, em qualquer caminho
Há um canto ao fado que faz lembrar água, que faz lembrar vinho.
Há nesta Lisboa, um modo de rir
De qualquer Solnado que ensinou a tantos o "podes seguir".
Cá nesta cidade, Com o Tejo à beira
Há um modo de estar, há um modo de andar, há um modo de Feira
Há nesta Lisboa, para ser verdadeiro
Um modo igual ao nome capital que é Portugal inteiro
Cá nesta cidade, à nossa maneira
Há um modo de olhar, com maneiras de mar
Beira rio, beira feira.