Soneto à Quatro Mãos
Francis Hime / Vinícius de Moraes
Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
E cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Ah, tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Melhor fora que desse e recebesse
Pra viver da vida o amor sem dano
Pra viver da vida o amor sem dano.