Saga do Migrante
O homem sai de casa, abandona seu torrão
Numa única missão, viver melhor
Cruzando com barreiras, obstáculos e ruínas
Desacertos nas usinas, e o que é pior
Acordar cedo, cuida da obrigação
Bater cartão na Império ou na Morlan
Ou nem dormir direito pensando em
Qual é a porta que vai bater de manhã!
Caçando emprego, pedindo um pão
Pedindo arrêgo, sem solução
Caçando emprego, pedindo um pão
Pedindo arrêgo, sem solução
Vida de cão, dentro do canavial
Se doeu deixa doer, dá canguru passa mal
Depois não quer nem saber, só reflete quando cai
Pra lembrar de mãe e pai
Peraí, é aí, é aí, que o filho chora e a mãe não vê
É aí, é aí, que o filho chora e a mãe não vê
Orlândia, Morro Agudo, São Joaquim, toda a nação
É enorme a migração
Meus conterrâneos, que pediram que eu
Me sensibilizasse a uma reflexão
Aqui não chove mas tem água e o solo é fértil
Só precisa irrigação.
Eu amo o meu Piauí, me dói ter que sair daqui!
Vê meu suor gerar riqueza pro torrão
Eu amo o meu Piauí, me dói ter que sair daqui!
Vê meu suor gerar riqueza pro torrão
Uôu, uôu, uôu, governador
Convoque os outros governantes, nossos vizinhos
E determine o fim da humilhação imposta
Ao nosso povo em terra alheia, só assim poderemos
Mostrar para o universo que o nordeste pode ser independente
Explorando com respeito a sua infinita riqueza em matéria prima
E nos doando com dignidade a nossa especializada mão de obra