A Estrada Dos Pobres

Frei Hermano da Câmara

Não vá tão depressa, que eu fico sozinho
Vá mais de mansinho
Que a gente tropeça por este caminho
Mas se anoitece e lua não temos
Já quase não vemos
Depois de escurece aqui ficaremos
E eu quero e não posso, que eu não comi nada
Minha mãe de apressada
Ainda antes do almoço meteu-se à jornada
Mas filho desterra já essa lembrança
Que a gente se alcança
O alto da serra depois já não cansa
Chegar à altura talvez não consiga
Que a fome me obriga
Mas sinto tontura de tanta fadiga
Ficar num deserto é um desatino
Tu tão pequenino
E nós já tão perto do nosso destino
E mãe, que tristeza não ter uma choça
Que a gente não possa
Não falo em riqueza mas ter casa nossa
Em baixo na aldeia em casa do cura
Se alguém o procura
Tem cama e tem ceia até com fartura
Tal cura é um santo, uma alma bem nobre
Se assim trata o pobre
Que deus lhe dê tanto, que sempre lhe sobre
E dizem que às portas dum santo velhinho
Costuma um anjinho
Vir a horas mortas pôr pão, carne e vinho
E ele reparte depois p'la gente
Já vou mais contente
Talvez 'inda farte e durma bem quente

Trivia about the song A Estrada Dos Pobres by Frei Hermano da Câmara

Who composed the song “A Estrada Dos Pobres” by Frei Hermano da Câmara?
The song “A Estrada Dos Pobres” by Frei Hermano da Câmara was composed by Frei Hermano da Câmara.

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