Botequim

GANGA

Pagou as suas contas no final do mês
No botequim onde era freguês
Só para nesse mês poder tomar
Partiu o coração de toda sua família
Trocou o amor por ódio é fantasia
Deixou sua vida inteira desandar

Porre passou corre chegou desceu seu planto

Malandro que é se render ao planto
Fé não é de manter nem Santo
Vê que hoje o sofrer não é tanto

O Nego pisou no boteco
Prego no chinelo esquerdo
Cruzou tal de Roberto
Que era primo do Neto o vapor
Sem banca só samba de bamba
Costa pra parede e fitou
A Morena viola e cachaça
Roda pandeiro e a saia girou
Bateu deu um papo versado
Puxou no cavaco e ficou
Na rua viela de escadas

Não era de andar com navalha
Nem com chumbo
Na mesa comida esperava
Vem do bumbo
Do Samba que lhe criava
Girou mundo
No peito de quem lhe abraçava
Sentiu fundo
Que vinha sangue em desgraça
Fim do mundo
Último samba é o que marca
Último Samba da praça
Dos Bamba da velha guarda
Malandro bom de navalha

Só pernada que veio
Só pernada que deu
Nas pernadas que veio sobrou

Enquanto na terra o sangue derramou
Seu protetor já estava a lhe esperar
Quando aqui dormiu lá acordou
Viu logo um grande ser a lhe falar

Tu vai da sossego
Vai andar direito vai
Aqui hoje não Tu vai voltar

Tu vai da sossego
Vai andar direito vai
Aqui hoje não Tu vai voltar

O povo acudindo ele acordou
Pensando quanto tempo ficou lá
Lembrou do trato que aceitou
Será que é Luanda ou outro lugar
E disse vou dar sossego
Quero andar direito
Que só na hora certa eu subo lá

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