Rei do Cemitério
Salve os ossos
Salve a calunga
Quem nunca viu vem ver
Caldeirão sem fundo ferver
Deu meia noite, cemitério treme
Catacumba racha e o defunto geme
É tripa, é tripa, é tripa
É tripa de bode
Palhas sobre o rosto
Agonizando seu desgosto
Atotô
Ajuberô
Corpo cheio de pereba
É o que ele herdou da terra
Abandonado pela própria mãe
Jogado no mar
Caranguejos queriam lhe devorar
E mostrar seus ossos para obatalá
Banhado com pipoca e dendê
Seu nome é obaluaê
Numa das mãos a peste e a dor
Omulu, rei do cemitério
Na outra a cura, sim senhor
Pra quem conhece seu mistério
A calunga tremeu
Atotô!!!
Meu exu mandou te avisar
Se tu entrar no cemitério tua alma fica lá
Presa pra sempre com o falso messias
Acenda a vela para omulu
Ele arranca essa miséria de tu
Ele arranca essa miséria de tu
Ele arranca essa miséria de tu
A calunga tremeu
Atotô!
Mandou tatá caveira ficar de prontidão
Faca, capa preta, assombração
A mão que faz carinho no seu rosto
É a mesma que quebra o seu pescoço
Pra cantar demanda
Pra cantar demanda
Pra cantar demanda
Omulu te chama
O messias é o teu guia e te levou pro umbral
Tosse diabólica, vagabundo é mal
Pagará com sangue
Vai comer lama no pé de omulu
Pra cantar demanda
Pra cantar demanda
Pra cantar demanda
Omulu te chama
Pra cantar demanda
Pra cantar demanda
Tem que ter um diabo amarrado na garganta