Natal da Favela Mc's
São Bernardo dia 25 de Dezembro de 2002, seis horas da manha
Aqui estou mais um dia, só que essa é uma data festiva
Você não sabe como é trabalhar na favela e no barro escorregar
Minha comida é de papel, não como frango nem pastel
Papai Noel é da fé, e de presente só um pão e café
Meio dia horário de almoço, e pra mim só mais um biscoito
E a tarde eu não como nada, pra mim só resta uma empada
Como pobre sempre dizia, agente morre de barriga vazia
Para os ricos "vai se fuder" porque nois num tem nada pra comer
Se noiz não morre enforcado, só enche a barriga quando morre afogado
Noiz é pobre mas noiz é feliz, mas só come caca de nariz
E nada deixa um homem mais doente, do que aquela dor de dente
E no domingo na hora da feira, o que resta pra gente é bater carteira
E noiz vive no mundo da lua, mas a noite agente dorme na rua
E meu trabalho é no lixão, na verdade noiz só cata papelão
E anoite quando bate aquela fome, e novamente noiz com cara de fome
Lealdade é o que todo favelado tenta, conseguir comida de forma violenta
Quando noiz ta com fome não tem nada a perder, quando os homi chega é matar ou morrer
Se liga ae, essa história é real, porque eu moro na favela e passo mal