Manequim
Numa loja de esquina um manequim
O dia todo exposto
Veste um conjunto azul de brim
E ninguém vê seu rosto
Quando anoitece e comércio fecha
É que ele sai da posição
Pra descansar
Ele sai
De vez em quando
Ele sai daquela loja
Uma liquidação
Como um freguês
Que dá um passeio
Solto na multidão
Mas sempre retorna ao seu lugar
Por questão de gosto
Quase ninguém parece notar
Que ele trocou de posto
Quando amanhece é antes do galo
Que ele vem na condução
No ônibus, num trem
Ele em
E da janela
Por trás do vidro
Ele vive a mesma situação
Como se estivesse
Atrás da vitrine
Sempre em liquidação