Surpresas Tem o Pelô
O Pelourinho tem muita história eu vou contar
Por mil imagens de alberianas exóticas
Pedro e Nazário dois negros lindos do Calabar
Um bairro pobre encurralado a beira-mar
Vinham pro mangue admirar as belezas gregas
Lindas princesas numa fissura de graças negras
Pedro e Nazário agora escravos de amor
Adonde antigos antepassados sentiam dor
Uma francesa no brega-bar cantina da Lua
E era linda como a cidade, um alerquim
Pedro e Nazário, ô mon chevieu, ô mon amour
Nô s'émouvoir
Temps is onet avec tu
A gringa ria, se desmanchava do afro-francês
Prima palavra quebrando a torre de Babel
Yo tene love you, te quiero mucho, te vogliobene
O amor de Roma no Pelourinho cantam Pompéia
Na meia-noite de uma bênção cai a magana
Chega a polícia Pedro e Nazário entram em cana
A Lua nova representando toda a cidade
E negros livres cantavam sambas, ora direis
Roque e Rufino dois feiticeiros de meia-idade
Se era mentira, se era verdade isso eu não sei
Só sei que de uma briga acabou-se a grande amizade
Roque e Rufino agora inimigos, direis
Não se trocavam, não se falavam nem um bom dia
Só eram rezas, só eram pragas e bruxarias
E peleavam suas mandingas nada valiam
Até que um dia, o sortilégio, tempo virou
Os feiticeiros se preparavam na encruzilhada
No mesmo dia, na mesma hora, cartas marcadas
Três vezes eles pediram para o mesmo Exu
Ao inimigo tirasse a vida e se proteger
Depois do feito, Roque e Rufino passaram mal
Uma dor estranha os invadia, era o final
O mesmo santo, a mesma sorte, o mesmo azar
E essa história de boca em boca no mangue está
Os dois morreram da mesma forma, da mesma força
Pedro e Nazário voltam ao mangue mais uma vez
Mostrar a sorte, o corpo, a vida, amor talvez
O grande golpe, correr o mundo com seu troféu
E tropeçando, cantaram foram desafinados
Sorrindo para o destino
Que é a mensagem desta canção
La vida te da sorpresas
Sorpresas te da la vida, ay, Dios
La vida te da sorpresas
Sorpresas te da la vida, ay, Dios