Cachorro Abandonado
Numa manhã de setembro quando eu despertado tinha
Da frente do rancho vinha um lamentado latido
Levantei surpreendido pra reconhecer o grito
Sobre os garrões sentadito tava um cusquinho encolhido
(E assim eu compreendi o gesto do cachorrinho
Levei lá pra minha casa, muito magro coitadinho
Hoje dorme, bebe e come, tá gordo não passa fome
E goza até de algum carinho)
Fui passando a mão no pelo daquele preto coleira
Que ainda não conhecera carinho, bom trato, abrigo
Conhecedor do perigo, portador da sorte ingrata
Virando pra cima as patas que pegou falar comigo
(Aconselho meus amigos, quando encontrares um cão
Magro triste pela rua, na mesma situação
Faça assim conforme eu digo
Faça de um cão um amigo e dê-lhe alimentação)
Eu que já sou calejado me abalei naquele dia
Porque o coitado pedia compreensão e guarida
Se não vou pagar comida, mas porque pudesse ter
Não podia compreender porque sou cria da vida
(Porque Deus sempre enxergou todo bem que a gente faz
É alivio pra quem sofre depois que não sofre mais
E meu coração suspira
Viva senhora Palmira! Protetora dos animais)
Lamentando o sofrimento peguei o cusco chorando
Que foi me lambendo a mão como reconhecimento
Por esse novo tratamento rumava trocando pé
Hoje vai inté que até conhece o meu pensamento
(Para os desabrigados sempre a gente alcança um forro
Um cão avança num tigre pra dar ao homem o socorro
E por isto eu sempre digo
Mais vale um cachorro amigo do que um amigo cachorro)
Por isso eu faço um pedido, meu amigo meu irmão
Quando encontrares um cão não lhe bata porque sente
Trate-o carinhosamente não lhe faça gesto brusco
Porque a amizade de um cusco
Não se encontra em muita gente