Galpão do Moca
Parece que ainda vejo, entre a fumaça e a poeira
Um floreio de cordeona em plena segunda-feira
Era no galpão do moca que se reunia a indiada
Tomar trago, comer boia, contar causo e dar risada
Os parceiros desta festa, organizada com carinho
O João Rosa, eu e o Moca e sempre junto, o Maninho
Pra quem chegasse de fora, era sempre bem recebido
Com carne gorda na brasa e um gaitaço ao pé do ouvido
E o Moca, muito faceiro, sempre pronto pra baderna
Dava de mão na vassoura e saia batendo perna
Chacoalhando pra os dois lados, levantando um poeirão
Inda' prendia-lhe um grito: -Isto que é gaiteiro bom
Já quase de madrugada, outro pedido do João Rosa
Pra que eu tocasse de novo a Morena Luxuosa
E uns versos de improviso que ele mesmo fazia
Saudando a gauchada e as éguas da estrebaria
E o companheiro Maninho, gaúcho taura no laço
Tinha um potro gateado de pisar miúdo no pasto
Pingo arisco e ligeiro de arrancar leiva do chão
Encilhadito à capricho, montaria de patrão
Deste galpão bem campeiro, muito eu tenho saudade
Dos amigos que falei, é a mais pura verdade
Qualquer dia, eu volto lá pra rever toda essa indiada
Levo junto minha cordeona pra virar a madrugada