Baio Crina de Ceda
Baio crina de seda (Gracio Pessoa)
Veio junto com a potrada,
Comprada lá na fronteira
Junto com outra manada
Foi pra estância das porteiras
Um baio crina de seda
Aporreado já de fama
Me falou o capataz
Este cavalo rapaz
Fez muito peão comer grama
E o baio crina de seda
Troteava me provocando
Trocava orelha e bufava
Galopava veaqueando
Nas pata ele trovejava
Com a cola embandeirada
E as crina branca abanando
Apartei ele pra um lado
Reboliei a boleadeira
Pé de amigo apresilhado
Trouxe o baio pra tronqueira
Quem vai se entregar primeiro
Quem fica pra contar a historia
Sempre fui um peão teimoso
Vi que o baio era tinhoso
E bacho o toso campo a fora
E o baio crina......
Mas te conto meu parceiro
Da morte me veio a imagem
Naquele despenhadeiro
Arriscar não é coragem
Credo em cruz Deus me defenda
Coisa igual nunca se viu
Nem o ar e nem o chão
Só parou o redomão
Lá na barranca do rio
E o baio crina.....
Por certo também pensou
De que vale este cinismo
Quando de cepo bancou
Em riba daquele abismo
Golpeei numa rédea só
E virou nas duas patas
Acalmou e foi embora
E eu já com um pé-de-espora
E o cabo da chibata
Pra domar eu tenho jeito
Faço a marca e dito a lei
Amancei ele a preceito
Só um segredo deixei
Meu baio tem compreenção
Linda estampa e diciplina
Me obedece quando eu falo
E o crina de ceda baio
Só da garupa pra china