Milonga do Campo Largo
Lua crescente de outubro
Um mate depois do outro
Silêncio por quase nada
Quando a saudade me vem
Recosto cuia e cambona
E a alma lembra da dona
Que o coração sabe bem
Faz tempo que aquerencio
Minha alma sobre estes bastos
E cada flor colorada
Me lembra um pouco da linda
Que me espera com sorrisos
Pois sabe de que preciso
Num mate com boas vindas
Sou desses que o campo largo
Escolheu por ser assim
Ter querência num cavalo
E pátria feito um regalo
Nestes fundões de onde vim
Onde a distância e a lida
Não separam ela de mim
Minhas mãos campeiam notas
Nas rédeas do meu gateado
Buscando o último achego
Antes do adeus na cancela
E imagino um domingo
Desencilhando o meu pingo
No portal do rancho dela
Lua crescente de outubro
Aos olhos de quem cuidar
Cada um sabe seu jeito
De gostar de que se tem
Viro o mate, aquento a água
E a lembrança esconde a mágoa
Que o coração sabe bem