Intermédio
Eu sinto raiva
desse desespero.
Eu me demoro
no meu sofrimento
Engulo em seco o nó na garganta
que eu mesmo criei.
Não suporto meu meio de viver
sempre ao intermédio.
Eu preparo
o meu próprio epitáfio.
No descaso,
sinto-me em pedaços.
Meu coração deseja o que o corpo não consegue fazer.
Não suporto não saber dizer não
e fico ao intermédio.
Seria tão mais fácil se eu simplesmente aceitasse
ou negasse de vez, mas não.
É o meio que eu pertenço.
É o meio que eu pertenço.
Se eu não gosto,
eu logo faço nada.
Me consumo
com a boca fechada.
Nego meu instinto selvagem que me diz p'ra gritar.
Corto os pulsos da minha vontade
e sigo ao intermédio.
Seria tão mais fácil se eu simplesmente aceitasse
ou negasse de vez, mas não.
É o meio que eu pertenço.
É o meio que eu pertenço.