Chico Mendes
Um homem é uma árvore
É milagre que se repete eternamente
Na multiplicação dos frutos
O exemplo da solidariedade
Que dá e recebe a seiva permanentemente
Se uma árvore cai
Mil outras estão nascendo
Cruzo um presságio triste
A floresta emaranhada
Cheira incenso de queimada
Numa verde catedral
Folhas com carpideiras
Vão choramingando ao vento
Que espalhando seus lamentos
Anunciando morte está
Prantos por uma vida
Fatalmente sentenciada
Sinos de morte matada
Redobram num matagal
Uma árvore será, esse caixão
Uma árvore será, sombra e amor
Uma árvore será, tocha de luz
Espinho e cruz
Esse homem a quem outro sentenciou
Sempre há de será, de sombra e amor
Sempre há de será, tocha de luz
Espinho e cruz
Uma espingarda espera
Entre as sombras assustada
Sua alma de árvore espantada
Deve a outra árvore matar
Destino miserável
Foi madeira quando criança
Hoje é chumbo de vingança
Guarda entranha vegetal
A historia está esperando
Chovem balas, pau, machados
Vida e tronco derrubados
Adubo de seringais
Uma árvore será, esse caixão
Uma árvore será, sombra e amor
Uma árvore será, tocha de luz
Espinho e cruz
Esse homem a quem outro sentenciou
Sempre há de será, de sombra e amor
Sempre há de será, tocha de luz
Espinho e cruz