Voz da America
El Condor passa sobre os Andes
E abre as asas sobre nós
Na fúria das cidades grandes
Eu quero abrir a minha voz
Cantar como quem usa a mão
Para fazer um pão, colher alguma espiga
Como quem diz no coração:
Meu bem! Não pense em paz
Que deixa a alma antiga!
Tentar o canto exato e novo
Que a vida que nos deram nos ensina
Pra ser cantado pelo povo
Na América Latina
Eu quero que a minha voz
Sai no rádio e no alto-falante
Que Ignes possa me ouvir
posta em sossego a sós
Num quarto de pensão
beijando um estudante
Que vem de trabalhar bastante
Escute, aprenda logo a usar essa dor
Quem teve que partir para um país distante
Não desespere da aurora:
Recupere o bom humor!
Ai! Solidão que dói dentro do carro!
Gente de bairro afastado
Onde anda o meu amor?
Moça, murmure
Eu Estou apaixonada!
E dance sem nenhum pudor!
E, à noite, quando em minha cama
For deitar minha cabeça
Eu quero ter daquela que me ama
O abraço que eu mereça
O beijo, o bem do corpo em paz
Que faz com que tudo aconteça
E o amor que traz a luz do dia
E deixa que o sol apareça
Sobre a América, sobre a América
Sobre a América do Sul