Saudade Danada
O berrante tocava longe na estrada
Poeira levantava, ia chegar boiada
Que saudade danada de ver
Um peão culateiro, um burro cargueiro
Fumaça saindo no rancho de boiadeiro
Isso tudo é passado, são coisas ausentes
Mas que estão presentes no meu travesseiro
Águas passadas não tocam monjolo
Estrada de chão preto
Os bois não pisam no solo
Primeiro a comitiva apontava no estradão
Eram os burros cargueiros trazendo a solidão
Lá no rancho ia ter
Carne charqueada, redes armadas
Moda de viola, contos e piadas
Em volta do fogão, cantavam divertiam
De tudo faziam, mas pensando na amada
Águas passadas não tocam monjolo
Estrada de chão preto
Os bois não pisam no solo
Mas tinham que dormir cedo, pois
o dia começava antes do Sol raiar
E ao som de um berrante
Iam a boiada juntar
O ponteiro tocava o berrante
O capataz contava a boiada
Cada peão no seu posto
Era uma orquestra afinada
Que saudade danada de ver
Um burro cargueiro
Um peão culateiro
Um boi de arribada
Águas passadas não tocam monjolo
Estrada de chão preto
Os bois não pisam no solo