Garimpo
Antonia Adnet / João Cavalcanti
Uma pedra bem polida
Por tantos sopros de vida
Não se pode penhorar
Tão repleta e tão sem preço
Lapidada desde o avesso
E tão fácil de quebrar
Eu vi pelo céu distante
Cacos de diamante
Mais de mil pedaços
Estilhaços do meu lugar
E lá
Se esconde o recomeço
Que aos poucos amanheço
Com vontade de sonhar
Esse amor que não se cura
Que protege e que segura
Feito um âmbar milenar
É brilho de céu tão limpo
Joia do meu garimpo
Mais de mil feitiços
Compromissos do meu lugar
O amor é só
Uma pedra a mais
Que é extraída de uma jazida em mim
Pode virar pó
Ou valer por dez
Mas por um momento
É sem fim