Rincão da Corticeira
A ponta de tropa mansa
Cruzando a taipa do açude
E a silhueta de um bugre
No serenal da barranca
Um poncho pátria na anca
Do bueno gateado estrela
E a solidão da baeta
Na estrada antiga da sanga.
Uma saudade desnuda
Vem assobiando as esporas
No papagaio das horas
Cutucando a lida inteira
De pronto troca a orelha
No passo, o pingo crioulo
Enquanto pito um de rolo
No rincão da corticeira.
Descanso a perna no estribo
E afrouxo o corpo no basto
E o campo consome o pasto
Na imensidão da fronteira.
Meu verso de alma campeira
Costeia o mundo sulino
Emquanto bufa um brasino
No corredor da porteira.
Um baio vem na culatra
E acoa junto da tropa
Que se negando na volta
Se empacou no aguaceiro
Um vento mancho pampeiro
Desquinado pelo couro
Topa o mugido de um touro
No garrão dos ovelheiros
Depois que encordoa o tranco
Sigo sovando pelego
Bem no compasso do tempo
Ruminando a novilhada
Pateando de cola chata
No partajão boiadeiro
Que desmamou os terneiros
Lá no fundão da invernada.
Segue o tinido da argola
No freio do meu gateado
E um semblante abarbarado
Vai repontando a boiada.
O pingo sorvendo aguada
Espicha o corpo pra frente
É o cerno da minha gente
Que encilhou de madrugada.