Altas Madrugadas

Quando a noite mergulha tão somente
No silêncio profundo das estrelas
Eu escrevo outro verso à luz de velas
Sem cruzeiro qualquer que me oriente
Não há brisa sequer que se apoquente

A bater as janelas mal-trancadas
No ranger dolorido das escadas
Não há mau pensamento que me fuja
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas

Passa o vento em estranhos rodopios
Revirando o que estava tão tranqüilo
Pois ninguém é capaz de persegui-lo
Embaralha e retorce tantos fios
Quebra as folhas de caules mais esguios
Atravessa até frestas mais fechadas

Descascando a pintura das fachadas
Soberano, ninguém lhe sobrepuja,
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas

Lá distante se escuta a tempestade
Avisando que está já de partida
E esse cheiro de vela derretida
Vai tomando as esquinas da cidade
E transforma a tormenta em claridade
No mormaço das ruas alagadas

Só me resta o soluço das calçadas.
Vou lavar minha alma na água suja,
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas

Trivia about the song Altas Madrugadas by Juliano Holanda

When was the song “Altas Madrugadas” released by Juliano Holanda?
The song Altas Madrugadas was released in 2013, on the album “A Arte de Ser Invisível”.

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