O Menino Mal Educado

Julio Cesar

O menino mal educado, era tão mal educado, que estava comendo, sentado à mesa com a mamãe dele, comendo de boca aberta. E a mãe dele disse:
 Meu filho, não coma de boca aberta. É falta de educação. Parece um porquinho.
E o menino como era muito mal educado, respondeu para a mamãe dele:
 Eu como do jeito que eu quiser!
A mãe dele não gostou. Pegou ele pela orelha. Esticou bem. Puxou a orelha dele, subindo a escada musical, que dava da cozinha até o quarto:
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Fechou a porta. Trancou ele dentro do quarto. Ele ficou com raiva, colocou a mão na bochecha, sentou-se na cama e reclamou. E depois disse:
 Eu vou fazer bagunça!
Ele fez a maior bagunça. Espalhou todos os brinquedos no quarto. Arrancou todas as roupas das gavetas, fez xixi no tapete, pegou o chocolate derretido que estava numa das gavetas e esfregou o chocolate derretido no colchão. Depois ele se lembrou que havia colocado a escada de madeira do pai dele, que o pai dele usava para fazer reparos na casa. Ele havia encostado a escada de madeira na janela do quarto. Então ele disse:
 Eu vou fugir.
E foi descendo a escada musical de madeira, bem devagar para não acordar a mamãe dele, que já estava dormindo:
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
O quintal da casa dele ficava encostado, bem perto de uma floresta. Ele pulou a cerca e entrou no meio da mata. Estava escuro. Quando ele chegou lá no meio da mata, ele ouviu o som de um riacho. E ele precisava atravessar o riacho. Para atravessar o riacho, ele tinha que passar por uma ponte e para atravessar à ponte, ele precisava subir uma escada porque a ponte era muito alta. E ele então começou a subir a escada musical:
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando ele chegou lá em cima ele começou a atravessar à ponte. Olhou lá em baixo, no riacho e um jacaré estava com a boca bem aberta, esperando ele cair. Ele olhou lá de cima e gritou:
 Ê, bicho feio!
Terminou de atravessar pela ponte, foi descendo a escada musical:
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
Quando ele terminou de atravessar pela ponte, já estava bem perto de um castelo. Era um castelo abandonado. E só se ouvia o som dos ventos uivantes, as corujas e os curiangos também. E milhares de morcegos que batiam asas e gritavam. Os morcegos voavam em torno da torre do castelo e só eram vistos quando raios e trovões clareavam tudo.
Ao chegar no castelo o menino bateu na porta. Toc, toc, toc, toc, toc. Ninguém abriu a porta. Ele então, bateu com mais força. Toc, toc, toc, toc, toc. Ninguém abriu e ele então gritou:
 Ô de casa!
Ninguém atendeu. Ele chutou a porta. Plac, plac, plac. E a porta foi se abrindo, lentamente. Nhéééééc. Ele foi entrando devagar e pisando sobre o chão de assoalho. Tum, tum, tum... Olhou em volta. Todos os móveis estavam cobertos com um pano branco, tudo coberto com teias de aranha.
 Ê, casa feia!
Quando ele disse, casa feia, um redemoinho começou a surgir, verde e brilhante, diante dos seus olhos, no meio do salão. Era uma bruxa, com o nariz adunco, o queixo enorme e uma verruga na ponta, bem na ponta do nariz. A bruxa olhou para ele com aqueles olhos vermelhos e esbugalhados. A bruxa só tinha um dente embaixo.
 O que você veio fazer aqui no meu castelo, menino?
 Não é da sua conta!
A bruxa não gostou e hipnotizou o menino.
 Durma menino, durma menino, durma.
O menino ficou hipnotizado. Aí ela disse para ele:
 Suba a escada musical, que dá até a cozinha do castelo. E lá, você será o ajudante do meu cozinheiro, ah, hahahahahahahaha!
O menino começou a subir a escada, hipnotizado.
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando ele chegou bem em frente a porta da cozinha, que estava quase fechada escutou um barulho que vinha lá de dentro. - plop, plop, glup, glup... Ele então empurrou a porta para ver o que era. - Nhééééééc. Ao entrar dentro da cozinha, lá estava um gigante. Enorme, a cabeça era do tamanho de um pneu de trator, a boca era do tamanhode um pneu de ônibus, os braços eram da grossura de um poste. E ele estava segurando uma colher de pau que era quase do tamanho de um poste. O menino olhou para o gigante. E como ele estava hipnotizado não percebeu que era um gigante. Perguntou:
 O que é que você está fazendo aí?
O gigante olhou para ele com aqueles dentes pontudos e quase pretos, porque ele nunca havia escovado os dentes. Olhou bem para o menino e disse:
 Eu estou fazendo uma sopa de sapos.
O menino como estava hipnotizado nem percebeu e pediu para ver:
 Eu quero ver.
O gigante disse:
 Suba a escada musical que está encostada no caldeirão.
É mesmo, havia uma escada de madeira, igualzinha àquela que estava encostada na janela do quarto da casa dele. Ele começou a subir a escada musical porque o caldeirão era muito alto. O caldeirão era da altura de uma porta.
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando chegou lá em cima. Olhou. Era uma sopa grossa. O cadeirão estava cheio de sapos mortos com aquele caldo verde e gosmento em volta. O menino então, resolveu cheirar. Snif, snif, snif.
 Éca!
Quando ele disse eca, o gigante não gostou. Pegou uma colher de pau que estava dentro do caldeirão, colocou um sapo morto dentro e foi levando-a em direção à boca do menino que ainda estava na escada.
 Coma!
 Não!
 Coma!
 Não!
 Comaaaaaaaaaaa!
 Aããrghhhhhh... O menino engoliu o sapo. Quando ele engoliu o sapo, quebrou-se o encanto da bruxa. O menino então viu que era um gigante porque não estava mais hipnotizado e gritou:
 Aaaaaaaahhhhhhhhh!Desceu correndo a escada de madeira que estava no caldeirão.
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó. Foi correndo até a porta da cozinha. Abriu e fechou a porta correndo.
Desceu correndo a escada que dava da porta da cozinha até o salão do castelo.
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó. Foi correndo até a porta do salão do castelo. Abriu e fechou a porta. Foi correndo até a ponte. Ao chegar perto da ponte teve que subir a escada.
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Do alto da ponte (ele viu) o jacaré ainda estava lá, com a boca aberta, esperando por ele. O menino olhou lá de cima e gritou para o jacaré:
 Tchau, bicho feio.
Ao terminar de atravessar pela ponte desceu correndo a escada do outro lado.
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
Voltou correndo pela floresta até chegar em casa. Ao chegar em casa, subiu, bem devagar, a escada de madeira que ainda estava lá.
 Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Entrou no quarto, arrumou todos os brinquedos que ele havia espalhado, colocou no lugar, dobrou as roupas que ele havia arrancado das gavetas, colocou uma a uma dentro de cada gaveta, lavou o colchão que ele havia sujado com chocolate derretido, lavou o tapete sujo de xixi, deixou tudo arrumadinho. A mamãe dele então, voltou. Viu que ele estava comportadinho e disse:
 Muito bem, agora que já passou o castigo, vamos descer com a mamãe e tomar uma sopinha.
Desceram a escada musical:
 Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
E ele aprendeu uma lição: Que menino mal educado, mais cedo ou mais tarde, acaba engolindo sapos.
Pronto, acabou a estória.

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