Fôlego
Respirar é luxo nesses tempos
Poucos são exemplo, confinados em seus templos
Tento manter-me são, procurando espaço
(inspiração, expiração) Não tá fácil ser
Existir, resistir mas pra quê?
Mas cadê? Quase me perdi do meu porquê
Se a resposta do ""por quem"" não for ""por mim"" é melhor sumir
Melhor do que alguém pensar por mim, melhor assumir
As rédeas, regras que sufocam não suporto
Me importo quando querem definir como me porto
Sugerem o que eu não pedi palpite
Só me conta aqui: Quem que te mandou convite?
Preciso de arte. Arco com as consequências dessa escolha
Não deu boa quem tentou viver na bolha
É uma guerra lá fora e o inimigo é invisível
Mas pra ele não pensar que é invencível o jeito é
Inspirar, expirar, respirar, respirar
Fôlego, fôlego, fôlego, fôlego
Inspirar, expirar, respirar, respirar
Fôlego, fôlego, fôlego, fôlego
Permita-me exercitar o meu prayama
Respirar tranquilo enquanto os pés tocam a grama
Correria insana, seca fonte, traz a draga
Metrópoles do caos, ninguém nasce Sidarta
Data: Século 21, véspera do fim do mundo
Pra mergulhar em mim, respiro fundo
Sem tempo ocioso, mundo sofre ansiedade
Uniforme e gravatas, atletas da cidade
Correm suas maratonas, corações descalços
Pisando sobre cacos, correntes nos cadarços
Todos ofegantes na linha de chegada
Efeito borboleta no planeta das lagartas
A natureza ensina a crescer em silencio
Meditação profunda, clima tá tenso
Fora de controle no piloto automático
O amor é contagioso mas somos assintomáticos
E eu preciso
Inspirar, expirar, respirar, respirar
Fôlego, fôlego, fôlego, fôlego
Inspirar, expirar, respirar, respirar
Fôlego, fôlego, fôlego, fôlego