A Mula Sem Cabeça
Saiu de madrugada
Os cascos na calçada
Quem tava adormecida, escutou
A noite enluarada
Cruzou em disparada
O lago onde a sereia se banhou
Correu a noite inteira
Ergueu tanta poeira
Perdeu-se nos caminhos de sertão
Ouviu atrás do morro
Latidos de cachorro
E o grito de um jaguar na escuridão
O céu, as estrelas
Ouviam meu fado
Passei num roçado
Cheguei num capim
Maria fumaça
Com olhos de fogo
Passou a dois metros, gritando pra mim
Subi no véu da cachoeira
Bebi a chuva que caiu
Tirei fagulhas nos lajedos
Cruzei parede que se abriu
Montanhas escondidas
Veredas tão compridas
E a boca do abismo a esperar
Tropel na encruzilhada
Canção mal assombrada
Corujas com seus olhos de luar
O céu, as estrelas
Ouviam meu fado
Passei num roçado
Cheguei num capim
Maria fumaça
Com olhos de fogo
Passou a dois metros, gritando pra mim