Eu e o Canário
No tempo da minha infância
Gostava de passarinho
Andava com a gaiola
Sempre à procura dos ninho
Eu armava o alçapão
E prendia os coitadinho
Era assim que eu fazia
Sem pensá nos filhotinho
Na frente da minha casa
Tinha um pé de cedrinho
Onde todas as madrugadas
Cantava um canarinho
Pulando de galho em galho
Tranquilo e bem mansinho
Era quem me acordava
Todo dia bem cedinho
Um dia armei o alçapão
Ele sem sabê de nada
Veio alegre cantando
Fazendo sua alvorada
E caiu na armadilha
Nunca mais viu sua amada
Foi a derradeira vez
Que cantou de madrugada
Um dia eu também fui preso
Fui conhecer a verdade
Mandei soltar o canário
Pra não sentir mais saudade
Paguei tim-tim por tim-tim
Tudo atrás de uma grade
Ali eu vi o quanto é bão
Tirar de alguém a liberdade