Saleiro
Dancei no embalo do vento
Com a cantoria dos sapos
Até que a trança d´um laço
Senti envolver-se em meu corpo
Fui ceibo em flor, igual outros
E da canhada pra coxilha
Lambi pasto e maçanilhas
Pra renascer neste tronco
Num cepilhar de coxilha
Rodeado de casco e terra
A cantilena que berra
É um mar de couro estirado
Voltei a ser batizado
Na catedral dum rodeio
Alma de sal, baba de gado
Corpo de tronco de ceibo
Sou cocho tronco de ceibo
Bordado a berro de vaca
Quando o rodeio se aparta
Sigo cumprindo meu rito
O gado marcha ao tranquito
Na direção da canhada
E eu de alma lavada
Me encontro sempre solito
Num topo, plano, de cerro
É onde a noite me beija
Saleiro, corpo estendido
Tronco de ceibo, madeira
A lua inteira é um clarão
E enquanto o dia não chega
Com cada pedra de sal
Empresto o brilho às estrelas