Batismo

Com incensos de aroeira e salmos de uma milonga
Água benta de cambona e um clarão de lua inteira
Longe dos templos de ouro, barro uma quincha pagã
Pelegos, tiras de couro, me batizei entre os touros
Com ungidos de picumã.

Meu batistério, o galpão
Guerreado pelos minuanos
Vento do sul soberano
Minha primeira oração
Depois, para os males do corpo
Peguei a cuidar da alma
Fervendo infusões de campo
Com jervas de viernesanto
Silêncios que a dor acalma.

Na flor das mãos, o calor, da queimadura do laço
O batizado machaço dos que não tem tirador
Me benzi de invernos grandes, para cruzar "las selladas"
Depois que a junta se entangue, mistura geada no sangue
Já não se sente mais nada.

Seguia o gado que berra, numa culatra de tropa
Da poeira que o casco solta e cobre o manto da terra
Iluminei de mandados, cruzadores de tormenta
Havia a força dos descampados, que um raio sobre o alambrado
Mestre de angico arrebenta.

E assim me tornei cristiano, e assim que me reconheço
Em minhas orações, paisano, cada milonga é um terço
Cada rancho é como um santo, por mais humilide meu templo
Juntei nada e juntei tanto, nestes batismos de campo
Na solidão do meu tempo.

Trivia about the song Batismo by Lisandro Amaral

When was the song “Batismo” released by Lisandro Amaral?
The song Batismo was released in 2011, on the album “Canto Ancestral”.

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