Descendente

Será índio o filho novo
Que recebi destes tempos?
Terá o sopro dos ventos
E cantará ao seu povo?
Pensando assim, vou de novo
Á intenção de indagá-lo.
Agora hei de cantá-lo
Na eternidade de irmão,
Pois traz o campo nas mãos
E o sangue dos meus cavalos...

Indiozito curandeiro
Dos meus espinhos que sangram...
Das dores que arremangam
Bombachas de peão tropeiro.
Há um vulto em mim - noiteiro,
Que reza em verso e que canta
E, quando a luz se levanta
Aos olhos baios do dia,
Eu agradeço a poesia
Que derramei da garganta;

Eu agradeço a poesia,
Que reza em verso e que canta...

João antonio eu te batizo,
Verso perfeito de pai,
Nome composto que atrai,
Porque lembrar é preciso.
Se ao versejar me escravizo
Diante á pena contida,
Escorro - joão - dolorida
A hora em que está teu mundo;
E ás vezes respiro fundo,
Te oferecendo esta vida...

O mundo é mundo e será
Até quando deus quiser!
Quando se pensa o que quer,
Um pai ao filho dirá.
Espinha e caraguatá,
Dá sombra o umbu campeiro;
O amor é mais que o dinheiro,
O espírito - sim - é eterno,
E só é frio o inverno
Pra que não crê - curandeiro.

Trivia about the song Descendente by Lisandro Amaral

When was the song “Descendente” released by Lisandro Amaral?
The song Descendente was released in 2011, on the album “Canto Ancestral”.

Most popular songs of Lisandro Amaral

Other artists of Regional