A chance de Aladin

Se canto sou ave, se choro sou homem,
Se planto me basto, valho mais que dois
Onde a água corre a vida multiplica
O que ninguém explica é o que vem depois

No alto da montanha o vazio é tamanho
No fundo do mar a terra é abissal
Indo pela beira falta sal na vida
O que ninguém ensina é o ponto do mingau

Numa pirueta o corpo se agiganta
Bate uma preguiça e a fé fica pra trás
Amanhã num instante vira agora
E eu juro que ninguém me disse que era nunca mais...

No dedo mindinho eu levo meu carinho
Anel de safira vai no anular
Pai de todos manda, fura bolos fura
Viro azar em sorte com meu polegar

Mão de milho, mão de irmão que dá e tira
Sumo na mentira, escapo e digo SIM
Meia volta e o par é quem topa a quadrilha
E ninguém me livra de ser livre em mim

Me esfrego e um gênio cumpre três desejos,
Fantasio a morte, engano a dor banal
O que ninguém me rouba é o sonho de gigante
E o tudo e o nada juntos brincam carnaval

Nunca é tarde pra acender a lamparina
Enxergar além da vaidade vã
Nunca é nada pra quem curte uma saudade
E ninguém me nega a luz dessa manhã

Quem disse que ser feliz é o fim de tudo
O que ninguém me tira é o começo de mim
Meu canto é maior quando o mundo é mudo
E o que muda o mundo é a chance de Aladim

O amor é tudo, o diabo quer chamego
Nunca é muito cedo pra se achar a rima
Junto a lã, o pão, a viola, o canivete
O que ninguém me dá eu pego e danço em cima

O que ninguém explica, o que ninguém revela,
O que ninguém me disse, o que ninguém me dá
O que ninguém me livra, o que ninguém me ensina
O que ninguém me entrega, é certo, Deus dará
É certo, Deus dará...

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